[RP] Dark Hope

[...] O cansaço de assistir a aquilo desatinava de tão agonizante. Não estava escondido, apenas não queria ser encontrado no campo de visão de ambos os rapazes que batalhavam na praia contra um Crabmon. Este que, pelo visto, não parecia ser o oponente ideal para nenhum dos dois... Eles precisavam, claramente, de ajuda. Não faço o tipo heroico, não, mas, quando é visivelmente necessário, tento ajudar quem precisa. Então, aconteceu o que aconteceu...

A maré estava baixa, a gruta aparecia aos poucos dentro da chapada, sendo a origem daquele caranguejo azulado, e as árvores ficavam cada vez mais distantes enquanto caminhava para fora da floresta. Materializei Caprimon para que pudesse ajudar ambos os garotos desesperados, mesmo que fosse uma ajuda com suas margens de erro, e peguei um punhado de areia com a mão direita, espremendo-o com força. Sinceramente, não sabia o que estava fazendo, mas já tinha ouvido falar em Crabmons e que eles possuíam alguns pontos fracos bem fáceis de serem notados. Um deles era a fragilidade de seu corpo, que era revestido quase totalmente por uma dura carapaça de cor azul. O que sobrava era a sua parte inferior, mole e vulnerável. Este era o nosso alvo.

Pedi para que o pequeno digimon roxeado protegido por um elmo metálico tentasse virar Crabmon. Sendo sincero novamente, no momento em que estava a observar o embate, refleti sobre esta estratégia, pensando que poderia ser falha, caso o caranguejo notasse a presença de Caprimon, pois este não possui pernas para conseguir adquirir uma velocidade considerável, e teria que ir pulando até o oponente. Era a melhor opção, ou a menor pior.

Fiquei ao longe, esperando o digimon fazer o que tinha pedido, sendo sorrateiro e visando derrubar o digimon caranguejo. Quando o fizesse, e se o fizesse, gritaria para que os outros domadores atacassem rápido o Crabmon, pois este estaria em um momento de vulnerabilidade e era a única chance de, pelo menos, tirar algum dano considerável dele. Claro que o punhado de areia que havia pegado serviria para algo, mas não naquele momento. Veríamos no que daria - Tinha um plano B na manga...

Lembro-me de ter visto um dos domadores chegar aos limites do desespero, jogando tudo e qualquer coisa que via na areia da praia no Crabmon de cabeça para baixo. Não era difícil perceber que este último estava igual ao domador do Tokomon, tentando desvirar-se a todo custo antes que sofresse sérios danos. Meu punhado de areia escorreu por vias da minha mão, voltando para suas origens e esvaecendo até não sobrar mais nada. Caminhei, a partir disto, calmamente em direção ao combate, mas mantendo uma distância que me oferecesse o mínimo de segurança. Disse em tom audível para Caprimon se defender com seu elmo, caso recebesse um ataque direto, e que utilizasse de toda a sua força para furar o estômago do caranguejo com seus chifres metálicos gêmeos.

O caranguejo era lento, porém mais rápido que cada um de nossos digimons. Talvez ele se desvirasse primeiro, ou talvez não, uma vez que seus equilíbrio e desespero não o permitissem de o fazer. Bem... tínhamos que aproveitar a todo custo aquela oportunidade. Peguei outro punhado de areia na praia, jogaria-o na hora e com a distância certas, pacientemente. Procurei, ainda, com os olhos um caminho alternativo para sair daquele local, pois não planejava permanecer ali.

A estratégia proposta se acertara desde o início e o caranguejo não precisava mais da areia esmagada em meus punhos, mas não seria inteligente me precipitar. Olhei em volta mais uma vez e percebi que não havia um caminho diferente daquele em que caminhei minutos antes de estar ali. Teria de voltar por ele...

Vi que ambos os garotos queriam um fim breve para aquela batalha, ordenando aos seus digimons para que atacassem com alta potência. Uma boa ideia, sim. Dúvidas não mais passeavam pela minha mente como se eu fosse tão inseguro quanto aquela situação, por mais que o resultado estivesse quase claro a todos, e até a ele próprio; naquelas circunstâncias, minha última ordem à Caprimon foi para atacar o Digimon de carapaça mais uma vez e do mesmo jeito feito anteriormente, mas com uma diferença: que girasse seu corpo e o atingisse em seu abdome como uma broca, visando sua perfuração novamente.

Quanto aos desconhecidos, seria breve e sutil. Minha missão era outra, e não sairia do caminho que me foi colocado. Se fosse possível, chamaria Caprimon para o lugar onde estava e sairia dali normalmente.